segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O QUE NOS PEDIRIA UM AUTISTA?




1 - Ajuda-me a compreender. Organize meu mundo e facilita-me ou antecipe o que vai suceder . Dá-me ordem , estrutura , e não caos .

2 - Não te angusties comigo, porque me angustio. Respeita meu ritmo. Sempre poderás relacionar-se comigo se compreender minhas necessidades e meu modo especial de entender a realidade . Não se deprima , o normal é que avance e me desenvolva cada vez mais .

3 - Não me fale demasiado , nem demasiado depressa . As palavras são "ar" que não pesa para te , mas podem ser uma carga muito pesada para mim . Muitas vezes não são a melhor maneira de relacionar-se comigo .

4 - Como outros filhos , como outros adultos , necessito compartilhar o prazer e gosto de fazer as coisas bem , mesmo que nem sempre o consiga . Faz-me saber , de algum modo , quando consigo fazer as coisas bem e ajuda-me a faze-las sem erros . Quando tenho demasiadas falhas sucede que me irrito e termino por negar-me a fazer as coisas .

5 - Necessito de mais ordem do que você necessita , mais previsibilidade no meio , que você requer . Teremos que negociar meus rituais para conviver .

6 - É difícil compreender o sentido de muitas das coisas que me pedem para fazer . Ajuda-me a entende-las Peça-me coisas que podem ter um sentido concreto e decifra as para mim . Não permitas que me acomode e permaneça inativo .

7 - Não me invadas excessivamente . A vezes , as pessoas são demasiadamente imprevisíveis , demasiadamente ruidosas , demasiadamente estimulantes . Respeita as distancias que necessito , porém sem deixar-me só .

8 - O que faço não é contra você . Quando tenho uma zanga ou me golpeio , se destruo algo ou me movimento em excesso, quando me é difícil atender ou fazer o que me pede , não estou querendo te prejudicar . Já que tenho um problema de intenções , não me atribuas más intenções !

9 - Meu desenvolvimento não é absurdo , embora não seja fácil de entender . Tem sua própria lógica e muitas das condutas que chamas "alteradas" são formas de enfrentar o mundo na minha especial forma de ser e perceber . Faz um esforço para compreender-me .

10- As outras pessoas são demasiadamente complicadas . Meu mundo não é complexo e fechado , senão simples . Embora te pareça estranho o que te digo , meu mundo é tão aberto , tão sem dissimulações nem mentiras , tão ingenuamente exposto aos demais , que é difícil penetrar nele . Não vivo em uma "fortaleza vazia", nem em uma planície tão aberta que pode parecer inacessível . Tenho muito menos complicações que as pessoas que são consideradas normais .

11- Não me peças sempre as mesmas coisas nem me exijas as mesmas rotinas . Não tens que fazer-te autista para ajudar-me . O autista sou eu , não você !

12- Não sou só autista . Também sou uma criança , um adolescente , ou um adulto . Compartilho muitas coisas das crianças , adolescentes ou adultos ditos "normais " . Gosto de jogar e divertir-me , quero os meus pais e pessoas que me cercam , me sinto satisfeito quando faço as coisas bem . É aquilo que compartilhamos que nos une .

13- Vale a pena viver comigo . Poço dar-lhe tantas satisfações quanto outras pessoas , embora não sejam as mesmas . Pode chegar um momento em sua vida em que eu , que sou autista , seja sua maior e melhor companhia .

14- Não me agridas quimicamente . Se te dizem que tenho que tomar um medicamento , providencie que seja revisado periodicamente por um especialista .

15- Nem meus pais nem eu tem a culpa do que me passa. Tão pouco a tem os profissionais que me ajudam . Não serve de nada que os culpe . A vezes , minhas reações e condutas podem ser difíceis de compreender ou afrontar , porém não es por culpa de nada . A idéia de "culpa" não produz mais que sofrimento em relação ao meu problema.

16- Não me peças constantemente coisas acima do que sou capaz de fazer . Porém peça-me o que poço fazer . Dá-me ajuda para ser mais autônomo , para compreender melhor , porém não me dê ajuda demais .

Autismo


Definições:

De acordo com Mello (2004) o autismo é uma deficiência no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. É quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino. É encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até agora provar qualquer causa psicológica no meio ambiente dessas crianças, que possa causar a doença.
Transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos, e apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade.

Causas:

Não se conhece a causa do autismo, mas, estudos de gêmeos idênticos indicam que a desordem pode ser, em parte, genética, porque tende a acontecer em ambos os gêmeos se acontecer em um. Embora a maioria dos casos não tenha nenhuma causa óbvia, alguns podem estar relacionados a uma infecção viral, fenilcetonúria que é uma deficiência herdada de enzima, ou a síndrome do X frágil. Além disso, pode-se admitir que tenha relação com fatos ocorrido durante a gestação ou parto.

Sintomas:

Os sintomas do autista, geralmente persistem ao longo de toda a vida e são verificados através de muita observação, tais como:

* Usa as pessoas como ferramenta, isto é, aponta objetos para que as pessoas peguem para eles sem manifestarem esforço para faze-lo.
* Resiste a mudanças de rotina.
* Isola-se e não se mistura a outras crianças.
* Não mantêm contato visual com outra pessoa.
* Age como se fosse surdo, não atendendo a chamados.
* Resiste ao aprendizado.
* Apresenta apego a determinados objetos.
* Não apresenta medo de perigos.
* Gira objetos de maneira estranho e peculiar.
* Apresenta risos e movimentos com relação a nada.
* Resiste extremamente ao contato físico.
* Acentuada hiperatividade física.
* Às vezes torna-se agressivo, destrói objetos, ataca e fere pessoas aparentemente sem motivo.
* Apresenta certos gestos imotivados como balançar as mãos ou ficar balançando-se.
* Apresenta comportamento indiferente e arredio.
* Cheira ou lambe os brinquedos.
* Etc...

Diagnóstico

Não existem exames laboratoriais ou de imagem que diagnostiquem o autismo. Os pais são os primeiros a notar algo diferente nas crianças autistas. Quando bebê mostra-se indiferente à estimulação por pessoas ou brinquedos, focando sua atenção por longos períodos em determinados itens. Outras crianças começam com um desenvolvimento normal nos primeiros meses para mais tarde tornar-se isolado a tudo e a todos. Normalmente, o diagnóstico é feito clinicamente através de entrevista e histórico do paciente. No entanto, tem famílias que levam anos para perceber algo anormal na criança, causando atraso para o início de uma educação especial, pois quanto antes se inicia o tratamento, melhor é o resultado.


Tratamento

O tratamento deve ser feito por uma equipe multi e interdisciplinar:

* Tratamento médico - formado por pediatra, neurologista, psiquiatra e dentista.
* Tratamento não-médico - formado por psicólogo, fonoaudiólogo, pedagogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e orientador familiar.

Contudo, a família e a base do tratamento com envolvimento total ao mesmo, estes devem procurar uma fonte de apoio que pode ser um terapeuta, um amigo, uma religião e lembrar-se sempre que o autismo é para sempre, mas não é uma sentença de morte e todos os familiares devem procurar se informar ao máximo sobre o autismo, para poder auxiliar no tratamento.

Os medicamentos continuam sendo componentes importante para o tratamento, porém nem todos os pacientes deverão utilizá-lo.

O sucesso do tratamento depende exclusivamente da dedicação qualificação dos profissionais que se dedicam ao atendimento, bem como a dedicação e empenho dos familiares.

Referências Bibliográficas

MELLO, A. M. S. R, Autismo: Guia prático, 3ª Edição, São Paulo: AMA; Brasília: CORDE, 2004, 93p.

CAVALCANTE, A. E. C., ROCHA, P. S; Autismo, 2ª Edição, São Paulo – Casa do Psicólogo, 2002, 150p.